sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ta-da-da-daaaaam

Quando Henrique nasceu, algo muito estranho aconteceu na sala de parto: vindo de lugar algum, todos começaram a ouvir Assim Falou Zaratustra, de Strauss, Henrique era o único ser humano cuja vida vinha –por insondáveis caprichos divinos- acompanhada de uma trilha sonora,

Não sabia se isso era bom ou mal, ele simplesmente não conhecia outro meio de viver: nos dias de sol ressoava pelos céus Here Comes the Sun, nos de chuva, Raindrops Keep Falling on my Head, quando descobriu que foi traído, ecoou de maneira atordoante a quinta de Beethoven por toda a estação, Henrique não tinha outra opção a não ser ser transparente, imagine olhar para alguém e repentinamente ecoar Love is in the Air pela sala, ao primeiro beijo soar Careless Whisper por todo o bar?

Henrique gostava de Cole Porter, de Baden Powell e Elis Regina, mas a trilha de sua vida insistia em ser escancaradamente pop, ironias do destino.

Fábio Ochôa

Nenhum comentário:

Postar um comentário